Farol

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Aviso aos navegantes

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O pai do homem

quando o menino é o pai do homem,
nem imagino qual será seu nome;
talvez use apelido adolescente
sem sequer ter lido que se tornou gente.

quando o menino é o pai do adulto
cresce fescenino, às vezes inculto;
às vezes se agarra na onda de anágua
que chega à garra com salgada água.

quando o menino é o pai do órfão
porque o destino não lhe deu a mão;
talvez cresça triste ou lute bastante,
se pai não existe em quem ser confiante?

e ao menino lírico da terna infância
de aspecto rico em qualquer instância,
restará a luta de se tornar maduro
que ninguém desfruta homem inseguro.

ou de ser seguro em vida bandida
na hora que pára quando há perigo,
de ver no espelho infância escondida
por não ter saído do seu próprio umbigo.

mas quando o homem é pai do menino
das lembranças some este pequenino;
ser homem o impele ao esquecimento
e a ter sob pele pó de amor, fermento.

quando homem enfim é pai do menino
este querubim morre e bate o sino;
não por triste luto, morrer é da alma,
que no estado bruto no homem se acalma;

quando o homem manda e o menino cala,
nasce uma demanda de ter outra fala,
ser pai de si mesmo ao pai dá descanso
e o pai se alegra ao ver riacho manso.

o menino morre, toda cede cessa,
o gozo escorre sem nenhuma pressa;
a mulher feliz vai querer menino,
e o homem diz: já fui pequenino!

se limite há, o mundo é imenso
e no lago fundo há a superfície,
também fui menino, sinto, paro e penso,
que a infância é elemento físsil.

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